Não espere partir

29 de mar. de 2017


Já percebeu que normalmente quando a morte chega e nos rouba alguém repentinamente costumamos tomar um susto e pensamos (mesmo que ligeiramente) o quão frágil é a vida? Para grande maioria das pessoas surge rapidamente aqueles pensamentos que costumamos expressar em frases prontas como “temos que demonstrar o que sentimos enquanto estamos vivos”, ou “temos que fazer as coisas enquanto há tempo”. 

No entanto, assim como luto, que depois de elaborado deixa de fazer parte do nosso cotidiano, esses pensamentos logo são deixados de lado e não viram atitudes de fato. A corrida contra o tempo, a necessidade de mostrar produtividade, e de adquirir coisas nos faz acionar o piloto automático e tudo volta a ser como antes, até que mais uma vez alguém “vá embora” sem aviso prévio.

Há um tempo atrás conheci um famoso discurso de Steve Jobs para alunos em uma formatura. Deste discurso, interessante por inteiro, o que mais me tocou foi o seguinte trecho: "[...] olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: ‘Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?’. E se a resposta é ‘não’ por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa. Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é mais importante. Não há razão para não seguir o seu coração."

Mais uma vez a brevidade da vida e a certeza da morte trazendo reflexões!

Quantos abraços você deixou de dar porque já estava de saída? Quantos cafés, recheados de conversas gostosas, você deixou de compartilhar porque estava com pressa? Quantas coisas deixou de fazer por medo de não dar certou ou ainda por medo do que os outros iriam pensar a respeito? Quantas vezes deixou de dizer “eu te amo” por pressupor que o outro já sabia disso? Há quanto o tempo você vem fazendo as coisas que não lhe agradam simplesmente porque que é o que tem ou porque sempre fez assim? Porque não mudar?


A brevidade da vida e a certeza da morte estão aí, presentes. Isso é incontestável. Deixar essas reflexões simplesmente no campo dos pensamentos pode ser um erro. Por isso vamos fazer um trato com nós mesmos: vamos nos questionar sobre tudo isso e vamos nos desafiar a transformar esses pensamentos em atitudes (nem que seja um de cada vez), mas que comecemos agora, e não seja necessário mais alguém “partir” antes disso.

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