Trilha sonora

17 de abr. de 2017


Nunca aprendi a tocar nenhum instrumento e estou a quilômetros de ter uma boa voz para cantar, ainda assim, a música faz parte do meu cotidiano. Aprecio variados estilos, apesar de alguns preferir me manter mais distante por certa incompatibilidade, por assim dizer. Sempre que posso tenho música embalando meus momentos. Costumo brincar dizendo que a vida precisa de trilha sonora.

Hoje a música está disponível em múltiplos formatos e plataformas. Podemos criar uma playlist com nossas músicas preferidas ou ainda curtir aquele CD somente com canções de nosso artista favorito. Mas ainda temos acesso a um formato mais antigo, e que continua agradando um grande público (e me incluo neste), as estações de rádio.

Ligar o rádio (ou acessar sua rádio favorita em uma plataforma on line), ouvir cada música sem saber qual será a próxima a tocar, e ainda ser surpreendido, de vez em quando, com aquela música que gosta tanto e há tempo não escutava. Músicas que vem como presente, seja para embalar o momento, para acalmar uma saudade ou aumentar ela ainda mais, para te fazer sorrir ou simplesmente para te fazer parar por alguns poucos minutos e respirar.

Escolhemos as rádios que ouvimos conforme os estilos com os quais mais nos identificamos, e conhecendo sua programação, sabemos em que horário estão os programas que mais gostamos, mas a surpresa da sequência incerta das músicas continua ali. Para mim, a vida é muito mais interessante quando embalada pela trilha sonora das rádios.

Passos seguros, que seguem certa organização (como se fossem a programação de sequência dos programas das rádios), mas não em cenas decoradas. Vida que segue, com responsabilidades, escolhas, perdas e ganhos, mas sempre guardando a curiosidade de saber como serão as próximas cenas, de saber qual será a próxima música, que permite incertezas e a alegria de ouvir as canções que vem para nos surpreender quando menos esperamos. Vida que permite escolhas que podem dar certo, mas que podem não dar. Passos seguros, mas sem medo de errar, sem medo do novo, do risco, do incerto.

Quando se exige passos firmados em capítulos que não aceitam variações, que não aceitam rasuras e que exigem a certeza da próxima canção, acabamos limitando nossas vivências, nos privamos de experiências que poderiam acrescentar tantas outras cenas em nossos capítulos. Vida com trilha sonora que se limita a playlist e CD (vida com sequencias sempre certas, conhecidas e repetidas) não aceita novidade, não dá lugar ao novo.

Arriscar-se a dançar outros ritmos, cantarolar novas canções e acreditar no pulsar no coração. Ligar o rádio, curtir a música que está tocando, e esperar com curiosidade. Saber que talvez a música que vem na sequencia pode não ser exatamente a que mais gostamos, mas com a certeza de que logo o ritmo volte a nos fazer querer dançar e sair cantarolando... vida marcada, vida pulsada, vida cantada... vida com direito a letra e melodia, que podem ser mudadas, corrigidas e reajustadas... vida que aceita o incerto... isso é vida com trilha sonora!

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