Eles não deixam os filhos assistirem a Pepa Pig, porque ela é exemplo de criança mimada e que não respeita os pais. Mas no primeiro chilique no supermercado, o carrinho é rapidamente recheado com as escolhas da criança. Ou entrando na loja de presentes se deixa que o desejo da criança impere mais uma vez, mesmo que o brinquedo precise ser parcelado em 48x por não caber no orçamento dos pais, pois a criança merece tudo o que quer, e ela não pode se frustrar.
Eles selecionam os jogos e não compram brinquedos como “arminhas”, espadas ou marretas de super-heróis, porque tem muito jogo virtual incitando violência, assim como esse tipo de brinquedo. Mas se os filhos insistirem, eles gritam e se for necessário passam o chinelo.
Eles querem que coma toda a comida do prato, e que tenha uma alimentação saudável. Enquanto vão separando no cantinho do prato os pedacinhos de cebola que encontram temperando a comida, e sem comer a salada que está na mesa, porque chuchu não tem gosto e verde é para quem pasta.
Eles querem que a criança tome sucos de frutas. Enquanto vão enchendo o próprio copo com uma Coca-Cola bem gelada.
Eles reclamam do tempo excessivo que as crianças passam no tablet, no celular ou em frente a TV, pois isso prejudica a interação. Enquanto conferem as últimas “notícias” e reclamam disso reclamam disso escrevendo um post no Facebook.
Eles querem que a criança tenha responsabilidades e ajude em casa. Enquanto saem da mesa sem se querer levar o próprio prato até a pia.
Eles não podem sentar no chão e brincar com os filhos quando são convidados, porque tem que ler as listas que salvou ao longo do dia, para ler depois do trabalho, no geral com títulos que giram sobre o tema “Como educar filhos perfeitos”.
Eles não querem que os filhos mintam. Mas no dia da vacina dizem para eles que não vai doer.
Eles querem dedicação aos estudos. Mas quando a criança chega entusiasmada mostrando a nota 10, eles logo respondem “não fez mais que a tua obrigação”.
E a lista de contradições entre palavras e ações segue.
Não. Não existe manual de instrução. Não há uma receita de bolo que garanta sucesso na educação dos filhos. O que existem são estudos que podem te apoiar nessa jornada, mas que devem ser adaptados à sua realidade.
Não adianta ler matérias com listas “3 dicas para acabar com a birra”, “5 dicas para fazer seu filho comer”, “10 dicas para criar meninos e meninas”, “30 dicas para criar filhos perfeitos”... Esqueça as listas, esqueça os manuais. Dedique tempo para seu filho, abrace, beije, de colo, de atenção e não tenha medo de dizer não (se os limites não forem colocados desde a infância, tenha certeza de que ele vai sofrer muito mais depois), valorize as pequenas conquistas dele (e acredite isso não precisa ser com presentes caros, palavras de incentivo acompanhadas de sorrisos terão um valor muito maior), diga a ele o quanto o ama e quanto ele é importante, e respeite os limites e o tempo dele. Dedique tempo para criar uma relação com ele. Dedique tempo dando exemplos à ele através de suas atitudes.
Essas coisas não vão te blindar de passar vergonha com um chilique no supermercado, não vão evitar que ele passe por fases “complicadas” durante o desenvolvimento, não vai garantir somente nota 10 no boletim... mas vão garantir uma relação de confiança e isso, amados pais, já é meio caminho andado!
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